domingo, abril 18, 2004

Mordechai Vanunu: O Homem Que Quebrou o Segredo Nuclear de Israel

Na PÚBLICA: "O deserto do Negev é metade de Israel. Uma "terra seca" que vai estreitando até fazer um vértice perfeito no Mar Vermelho. É no Negev que fica Dimona, uma pequena cidade que durante décadas cresceu à volta de um segredo. Até que a 5 de Outubro de 1986 o segredo de Dimona ocupou as três primeiras páginas do semanário britânico "The Sunday Times". "Revelação: os segredos do arsenal nuclear israelita", anunciava a manchete. Ficou a saber-se do que muitos suspeitavam mas Israel nunca admitiu: que o Estado Judaico era uma potência nuclear. Em Dimona tinham sido produzidas entre 100 a 200 ogivas, "o suficiente para destruir todo o Médio Oriente". Para publicar o trabalho, o "Sunday Times" demorou semanas, enquanto cientistas britânicos analisavam informações e fotografias. O israelita que passara a documentação ao jornal chamava-se Mordechai Vanunu e trabalhara nove anos como técnico no Centro de Pesquisa Nuclear de Dimona, nome oficial do complexo que Israel conseguiu manter a salvo de inspecção internacional. Quando o "Sunday Times" revelou a história, Vanunu já não estava em Londres - desaparecera. Enquanto aguardava as confirmações dos peritos, fora seduzido em Leicester Square por uma espia da Mossad (serviços secretos externos israelitas). Ela convenceu-o a voarem juntos para Roma, onde Vanunu foi raptado por outros agentes e metido num cargueiro para Israel. O rapto deu-se a 30 de Setembro, seis dias antes da manchete no "Sunday Times". Desde então, Vanunu tem estado preso. Os primeiros 11 anos, em isolamento. Para o Estado que o julgou (à porta fechada), é um "espião", "um traidor" que "pôs em perigo a segurança do seu próprio país". Para dezenas de milhares de pessoas que se multiplicaram em iniciativas, é um "herói pacifista", um "prisioneiro de consciência", "o primeiro refém nuclear". Do Parlamento Europeu à Amnistia Internacional, sucederam-se, sem efeito, resoluções e campanhas apelando à libertação de Vanunu. Em 1988, um grupo de 27 cientistas, incluindo 18 Prémios Nobel da Física, Química e Medicina, publicou um abaixo-assinado apoiando Vanunu na "New York Review of Books". Dez anos depois, 600 académicos israelitas fizeram o mesmo no diário "Haaretz" e o ex-presidente americano Jimmy Carter juntou-se à causa. Vanunu foi nomeado mais de uma vez para o Prémio Nobel da Paz. O dramaturgo Harold Pinter participou em acções em Londres, a que o presidente da câmara, Ken Livingstone, se associou. A actriz Susannah York corresponde-se com o israelita e faz parte da delegação internacional que quer ir recebê-lo à saída da prisão de Ashkelon na próxima semana. Concluída a pena de 18 anos, a libertação está anunciada para quarta-feira." [notícia completa]

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