quinta-feira, abril 22, 2004
Vanunu em liberdade vigiada
No Diário de Notícias: "Quando foi preso, em 1986, por revelar os segredos nucleares de Israel, chamava-se Mordechai Vanunu e era judeu. Mas os 18 anos que passou na prisão transformaram-no noutra personagem. Mudou de nome, passando a chamar-se John Crossman, numa alusão à crucificação de Jesus Cristo, e converteu-se ao protestantismo, o que lhe valeu ser condenado ao ostracismo por uma parte da sua família: a mãe, Mazal, deixou de o visitar, e o pai, Shlomo, um antigo rabino, passou a ignorar a sua existência. Resta-lhe um irmão, Meir, com quem Vanunu irá viver agora, impedido que está de sair de Israel, de se aproximar de portos e aeroportos ou de contactar com estrangeiros sem autorização prévia. Entre Vanunu e Crossman resta, contudo, a mesma convicção que o levou a confiar os segredos nucleares de Dimona ao britânico Sunday Times, confirmando aquilo que já todos suspeitavam - que Israel adquirira capacidade para produzir armas nucleares. «Estou orgulhoso e feliz», revelou Vanunu ao transpor as portas da prisão de Shikma, onde passou os últimos anos, dando a entender que não estava arrependido e que, se pudesse, repetiria tudo outra vez. «Israel não precisa de armas nucleares», frisou. Sefardita, nascido em Marrocos, em 1953, Vanunu mudou-se para Israel em 1963, quando nada faria prever o seu percurso posterior. Cumprido o serviço militar, é admitido em Dimona em 1976, enquanto prosseguia os seus estudos de filosofia e geografia na Universidade de Beersheva. É a partir da invasão do Líbano, em 1982, que Vanunu altera o seu comportamento, juntando-se a um grupo de militantes pacifistas. Aparentemente, sem que as autoridades israelitas se apercebessem. Daí até à cedência de informações ao Sunday Times - quando se encontrava na Europa - foi um passo. Atraído a Roma por uma suposta estudante, com quem iniciara uma relação, Vanunu acabaria por ser detido pelos serviços de segurança do seu país e discretamente transportado para Israel, onde viria a ser condenado. Agora, já cinquentenário e quase careca, Mordechai Vanunu - ou John Crossman - deixa a prisão, convicto de ter cumprido uma missão. Exemplo disso foi o «V» de vitória com que saudou aqueles que o esperavam à porta da prisão de Shkima. Como se tivesse acabado de vencer o Estado israelita." [not?cia completa] [notícia no Correio da Manhã]
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