domingo, novembro 14, 2004
Juiz português do TPI antecipou a crise
No Diário de Notícias: "Os relatos que o magistrado Almiro Rodrigues ouviu na Costa do Marfim, há pouco mais de um mês, quando integrou uma missão de inquérito das Nações Unidas, fizeram-no sentir-se dentro de um barril de pólvora prestes a explodir. O caos que se instalou nos últimos dias em Abidjan, com ataques e perseguições racistas, que levaram muitos estrangeiros a abandonar o país, tem a mesma marca dos casos de brutalidade que Almiro Rodrigues recolheu junto das duas partes beligerantes, ao inquirir sobre alegadas violações de direitos humanos desde Setembro de 2002. Em Lisboa, Almiro Rodrigues, primeiro juiz português do Tribunal Penal Internacional (TPI), acedeu a falar dessa experiência na Costa do Marfim e dos comportamentos das pessoas em cenários de guerra. «Existem situações completamente bestiais, onde de facto a besta adormecida acordou para fazer as maiores atrocidades». Sem precisar datas, locais ou pessoas, o juiz Almiro Rodrigues contou a história do filho obrigado a ter relações sexuais com a mãe. «Um filho foi obrigado a ter relações sexuais com mãe. Obviamente que recusou, a mãe pediu que o fizesse para lhe salvar a vida. Ele fê-lo e de seguida mataram a mãe e obrigaram-no a beber o sangue dela», recordou. Para o juiz, também formado em psicologia, este exemplo traduz «o lado negro da humanidade, que em situações de descontrolo revela o seu lado mais bestial». [notícia completa]
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