quarta-feira, dezembro 08, 2004
A Violação de Mulheres como Arma de Guerra
No PÚBLICO: "São vistas como a "máquina reprodutora do inimigo". São também os alvos mais frequentes de minas anti-pessoais e de bombardeamentos "cirúrgicos". As mulheres são as primeiras vítimas da guerra, alerta um relatório de 120 páginas lançado hoje pela Amnistia Internacional. "Estas violências não são espontâneas, mas orquestradas, aprovadas ou toleradas no quadro de uma estratégia política calculada", afirma Irene Khan, secretária-geral da AI, citada pela Associated Press. Ocorreram centenas de violações na região de Darfur, no Sudão, dezenas de milhares na República Democrática do Congo, e também na Colômbia, Nepal, Índia, Tchetchénia, e ainda no coração de pequenos conflitos praticamente ignorados, como o das Ilhas Salomão, no início de 2004. No relatório, baseado em estudos de conflitos armados ocorridos em todo o mundo na última década, a AI adianta que "o uso da violação como arma de guerra é a manifestação mais evidente e mais brutal da maneira como os conflitos armados afectam a existência das mulheres", quer seja por parte de guerrilheiros isolados, quer de soldados comuns. "O corpo das mulheres, a sua sexualidade e as suas faculdades de procriação tornam-se muito frequentemente um campo de batalha real". Alguns exemplos: na Colômbia, uma rapariga de 14 anos foi despida e obrigada a usar uma placa à volta do pescoço que dizia "sou lésbica" antes de ser violada por três homens e assassinada. Quando o seu corpo foi encontrado estava com os seios cortados. No estado indiano de Gujarat, onde centenas de pessoas morreram devido à violência étnica entre hindus e muçulmanos, mulheres grávidas foram esventradas. No Congo, dezenas de milhar foram sequestradas, violadas ou transformadas em escravas sexuais. "As mulheres são vistas como a máquina reprodutora do inimigo", comenta Irene Khan. "É uma estratégia militar - se se atacam mulheres, está-se a atacar o moral do inimigo e humilhar não só as mulheres, como os homens, que sentem que falharam em proteger a sua honra". [notícia completa] [notícia no PÚBLICO.PT] [notícia na BBC Brasil]
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