Lisboa, 29 de Junho – Os advogados dos oito detidos em Guantánamo que pretendem ser acolhidos por Portugal estão desiludidos com a indisponibilidade manifestada nos últimos dias pelo Governo português.
O grupo chegou há uma semana Lisboa pare reunir com as autoridades a fim de discutir o estatuto e as condições de realojamento dos seus clientes. Infelizmente, não lhes foi possível reunir com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, que não respondeu, nem como o Ministro da Administração Interna, que recusou o convite.
“Estamos decepcionados por não podermos reunir desta vez, mas continuamos com a esperança de reunir com estes ministros agora ou no futuro próximo, tendo em conta que é um assunto urgente”, disse Pardiss Kebriaei do Centro para Direitos Constitucionais.
A advogada representa Muhammed e Adbul Nasser Khan Tumani, pai e filho, dois cidadãos sírios que estão presos em Guantánamo desde 2002, sem acusação. Os dois fazem parte de um grupo de oito detidos escolhidos pelos advogados através de uma análise profunda dos casos.
Em Março 2008, o Centro para Direitos Constitucionais e a Reprieve (organizações que representam os detidos em Guantánamo), juntamente com a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a FDIH, apelaram ao governo português que aceitasse os oito homens detidos por falsas razões na prisão de Guantánamo, devido ao facto de não poderem regressar aos seus países por correrem risco de serem torturados.
“Queremos simplesmente partilhar informações sobre os nossos clientes e esclarecer o Governo da forma que for considerada mais útil, porque já reunimos inúmeras vezes com estes homens, temos investigado os casos minuciosamente e conhecemos as histórias intimamente,” disse Kebriaei.
Os advogados também estão preocupados com as últimas declarações que apontam para que Portugal irá receber apenas “dois ou três” prisioneiros, em vez dos oito propostos pela aliança dos ONG.
“Precisamos que os países europeus assumam a liderança na questão do realojamento dos detidos. Portugal assumiu esse papel como o primeiro país europeu a expressar a disposição de aceitar presos de Guantánamo. Esperamos que as palavras dêem lugar a acções concretas, através do acolhimento dos oito homens desejam vir para Portugal”, disse Ahmed Ghappour. O advogado da Reprive, representa Jihad Dhiag, natural da Síria, cuja esposa está presa actualmente pelas autoridades sírias por ter contactado os advogados.
“É urgente agir agora para cumprir a data de fecho de Guantánamo avançada pela Administração de Obama, em Janeiro de 2010”, disse Ghappour numa conferência de imprensa realizada esta tarde nas instalações da Amnistia Internacional Portugal.
Os advogados Pardiss Kebriaei do Centro para Direitos Constitucionais, com sede em Nova Iorque, e Ahmed Ghassour, da Reprieve, com sede em Londres, representam 40 dos 231 prisioneiros ainda detidos em Guantánamo, prisão que visitaram recentemente.
Reprieve/Center for Constitucional Rights
segunda-feira, junho 29, 2009
«Advogados de detidos de Guantánamo reforçam apelo ao Governo»
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