domingo, abril 24, 2011

Guiné Equatorial: libertações fingidas



Os dois cidadãos guineo-equatorianos, Anselmo Ichaikotó y Iris Loeto Sepa, detidos recentemente em Malabo, foram libertados, de acordo com uma nota do Movimento de Autodeterminação da Ilha de Bioko (MAIB). Porém foram colocados sob residência vigiada. Ambos terão sido interrogados e maltratados no comissariado de Malabo II. As duas detenções ocorreram no dia 9, no quadro do processo relativo ao pedido de reconhecimento do direito à autodeterminação do povo bubi, apresentado pelo MAIB, em 26 de Janeiro, às Nações Unidas. Anselmo e Iris terão sido interpelados enquanto facilitadores da entrega à ONU dos fundamentos da ambição bubi. Não foram mais do que intermediários do mensageiro encarregado de fazer chegar o documento aos responsáveis pelo dossier em Nova Iorque. Não conheciam o texto. E as suas detenções não foram explicadas pelas autoridades. A Guiné Equatorial é formalmente um regime presidencialista. Mas é governado desde 3 de Agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema segundo um esquema abaixo de todas as suspeitas. O seu regime procura ansiosamente o reconhecimento internacional de forma a quebrar o seu descrédito e isolamento. O petróleo e os dividendos que ele gera têm sido as armas de Malabo para conseguir esse objectivo.

Os bubi


Os bubi, ou bube, são um grupo étnico da África localizado principalmente na Guiné Equatorial. Antes de meados do século XX eram o grupo maioritário na ilha de Bioko, mas actualmente são uma minoria no país. Sua origem é produto de diversas migrações entre os séculos V e XVIII provenientes do sul de Camarões e da área continental do Rio Muni. A estes se somariam posteriormente alguns elementos fugitivos da escravidão em São Tomé e já no presente século krumanes procedentes de Serra Leoa, assim como elementos crioulos produto da miscigenação na cidade de Santa Isabel, hoje Malabo.

Tradicionalmente, o povo bubi tem monarquia própria que remonta ao século XVII. Nos princípios do século XIX, o território da ilha estava dividido em cantões, governados por botukus, ou condes. O rei governava mediante a lojuá, uma milícia de recrutamento rotativo armada com varas.

No sistema pos-colonial, os bubi dispuseram de pouco poder político, já que dominou a maioria étnica , ou fang, ainda que seja costume que o primeiro-ministro da Guiné Equatorial, como Miguel Abia Biteo Boricó e outros membros do Gabinete, sejam bubi.

O Movimento de Autodeterminação da Ilha de Bioko, liderado por Weja Chicampo Puye, é a principal força política que aglutina as aspirações de auto-governo do povo bubi.


Mais informações sobre o Movimento para a Autodeterminação da Ilha de Bioko

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