No PÚBLICO: "Em 1986 quebrou o "tabu" nuclear de Israel, revelou que o Estado judaico possuía 200 ogivas, "o suficiente para destruir todo o Médio Oriente". Foi raptado e preso por Israel. Esteve 18 anos e meio na cadeia. Agora, sem passaporte, sem licença para deixar Israel ou falar com estrangeiros, espera um país que lhe dê asilo. Pode ser Portugal. Em Abril, quando terminou os seus 18 anos e meio de prisão, o israelita Mordechai Vanunu procurou "um lugar cristão" para viver, enquanto não lhe davam asilo no estrangeiro. A igreja anglicana de Saint Georges, em Jerusalém Oriental, que tem uma residencial com um belo jardim, acolheu-o. Aqui, o mais célebre ex-prisioneiro de Israel não paga estadia e vive das ajudas que recebe de apoiantes em todo o mundo. Esta entrevista foi feita num hotel de Jerusalém Oriental faz amanhã uma semana, o primeiro dia em que Vanunu pôde sair à rua depois de uma semana de prisão domiciliária. Uma hora roubada a um longo serão com amigos estrangeiros. Aos 49 anos, o homem que quebrou o "tabu" nuclear de Israel aparenta boa forma física. Não fuma, praticamente não comeu, bebeu vinho tinto e ouviu mais do que falou, enquanto esteve à mesa. Está em constante alerta, olhando à volta, a cada ruído. Pouco antes da meia-noite, despediu-se e fez sozinho os dez minutos a pé até Saint Georges."
[entrevista da jornalista Alexandra Lucas Coelho, em Jerusalém]
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