sexta-feira, novembro 26, 2004

VANUNU: «A HISTÓRIA DE UM CASO CÉLEBRE»

No PÚBLICO: "Mordechai Vanunu tornou-se um "caso" internacional no Outono de 1986. Depois de dar ao jornal britânico "Sunday Times" provas de como Israel possuía 200 ogivas nucleares, "o suficiente para destruir todo o Médio Oriente", foi seduzido em Londres por uma espia que se apresentou como "Cindy" e o levou para Roma, onde agentes ao serviço da Mossad o raptaram e levaram para Israel. Acusado como "traidor" que pusera "em causa a segurança do seu próprio país", foi julgado à porta fechada e condenado. Sucederam-se, em vão, campanhas pedindo a liberdade do "primeiro refém nuclear", de um herói da causa pacifista. Um casal idoso do Minnesota, Estados Unidos, adoptou-o. Como é que Vanunu - um dos 11 filhos de judeus ortodoxos emigrados de Marrocos para Israel, era ele criança - tomara conhecimento das informações sobre o arsenal? Trabalhando nove anos na central nuclear de Dimona (no deserto do Negev). Um posto modesto, mas com acesso suficiente ao que durante décadas fora escondido às inspecções internacionais. Cumpridos os 18 anos, Vanunu viu-se livre, mas sem passaporte e sem licença para deixar Israel, falar com estrangeiros ou dar entrevistas, por um ano. Mas, na sua "casa" de Saint Georges, tem recebido visitas de apoiantes internacionais e deu entrevistas. Quando a morte de Arafat foi anunciada, "estava na sala de pequeno-almoço, com amigos, pelas nove da manhã", quando o pátio da igreja foi invadido. "Vimos duas motas a entrar, com dois homens cada, de roupa e capacetes negros. Saltaram, com armas automáticas, e depois chegaram três ou quatro carros da polícia, com agentes armados, aí uns 15. Pensei: 'Andam atrás de alguns palestinianos.'" Mas era mesmo com ele. "No meu quarto, revistaram tudo, tiraram-me o computador, papéis, CD, DVD, puseram tudo numa caixa e levaram-me para uma esquadra. Disseram-me que era suspeito de não respeitar as proibições de Israel, e acusaram-me de revelar segredos", conta. Vanunu diz que o mandado de detenção que lhe mostraram tinha data de 19 de Outubro, prova de que "tudo foi montado" para o prenderem nesse dia em que as atenções estavam voltadas para a Muqata, em Ramallah. Levado a um juiz, reafirmou que não tinha mais segredos além dos que revelara em 1986; ficou uma semana em prisão domiciliária." [notícia]

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