JOVENS EM PESO COM OS DIREITOS HUMANOS
Salas cheias na IX Mostra de Documentários sobre Direitos Humanos, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
O primeiro dia do certame revelou um entusiástica adesão das escolas do concelho e da população em geral. O filme inaugural, China Blue, contou com uma elevada participação da assistência, na sua totalidade jovem, com perguntas centradas nas implicações da cada vez mais importante economia chinesa nos direitos civis e políticos da República Popular da China.
Noutra vertente, os alunos quiseram discutir a compatibilidade das críticas da Amnistia Internacional relativamente ao modus faciendi da produção chinesa, e os seus custos sociais, nomeadamente na exploração da mão de obra jovem, e camponesa, e a necessidade de os portugueses, por exemplo, terem de recorrer cada vez, em resultado da actual crise, aos produtos chineses de preços altamente competitivos.
Comentaram o filme Maria Teresa Nogueira, ex-presidente da Amnistia Internacional Portugal e actual coordenadora do Co-Grupo China, e a jornalista do Público, Francisca Gorjão Henriques.
A Amnistia Internacional Portugal - Grupo 19 convidou a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa e a Associação de Comerciantes Industriais Luso-Chinesa a fazerem-se representar no debate. As duas instituições responderam que por impedimentos de agenda não poderiam estar presentes.
Children's of Gaza, o segundo filme do programa, emocionou fortemente a assistência, também jovem, da parte da tarde.
O documentário, muito forte, é constituído por depoimentos na primeira pessoas de crianças marcadas pela incursão israelita na Faixa de Gaza entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009. Meninos e meninas, rapazes e raparigas, contaram como viram morrer os pais e ódio que agora os marca, ao ponto de vários terem já escolhido a via do "martírio" e da vingança. O relato de país angustiados com a incapacidade de socorrerem filhos gravemente feridos durante aquele ataque soltou lágrimas na assistência.
Os dois primeiros documentários da IX Mostra foram destinados essencialmente às escolas. O debate que deveria seguir-se acabou no entanto nuns curtíssimos minutos de diálogo porquanto a assistência tinha outros compromissos agendados.
Por fim, à noite, Hortas Di Pobreza, de Sara De Sousa Correia, uma antestreia, esgotou o Auditório Acácio Barreiros do CCOC.
No debate que se seguiu, e se prolongou por um tempo generoso, a assistência debateu o complexo processo do caju na Guiné-Bissau, da produção ao consumo, e a sua relação com a pobreza do país. Discutiu-se os motivos do desaparecimento dos arrozais guineenses, o desvio desta fonte de rendimento, e de subsistência, para a cultura do caju, os interesses que estão por trás e o desalento da população que não antevê futuro.
Comentaram o trabalho Stephane Laurent, do Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, Ana Rita Antunes, pela Amnistia Internacional Portugal - Grupo 19, Ana Dias Cordeiro, do jornal Público, que tiveram a oportunidade de discutir o tema com a realizadora e com Fernando Miguel Sousa, biólogo e investigador, autor de um trabalho sobre a segurança alimentar naquela antiga colónia portuguesa.
A Amnistia Internacional - Grupo 19 convidou o embaixador da República da Guiné-Bissau em Portugal para participar no debate. O convite não teve no entanto resposta.
Por parte do Grupo 19 ficou razoavelmente patente, considerando a complexidade do tema abordado, a estreita relação entre a monocultura do caju, que marca a economia da Guiné-Bissau, e a pobreza da sua população, uma ligação sobremaneira relevante para a AI Portugal no quadro da sua campanha Exija Dignidade!
Hoje serão projectados Hasta la Última Piedra, o testemunho em carne viva de San José de Apartedó, uma aldeia colombiana que se demarcou de todas as partes em conflito no país, e que paga a paz, que deseja ardentemente, com a morte dos seus líderes, e, à noite, Les Arrivants, um trabalho sobre a imigração em França que tem comovido muitos festivais internacionais.
(Resumo em fase de actualização)
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